Conhecido como “som do diabo”, o trítono é um intervalo musical que carrega uma história controversa e fascinante. Proibido pela Igreja Católica na Idade Média por sua sonoridade tensa e dissonante, ele é hoje uma ferramenta importante em diversos gêneros musicais.
O que é o trítono?
O trítono é um intervalo musical formado por três tons inteiros, também conhecido como quarta aumentada ou quinta diminuta. Ele ocorre em qualquer tonalidade maior no intervalo entre o quarto e o sétimo graus da escala. Por exemplo, na tonalidade de Dó maior, o trítono é formado pelas notas Fá e Si.
Essa combinação de notas cria um som naturalmente dissonante e carregado de tensão, o que lhe confere um caráter único e muitas vezes sombrio.
Por que foi chamado de “som do diabo”?
Na Idade Média, o trítono foi associado ao maligno devido à sua natureza dissonante, que perturbava a mente dos ouvintes e era considerada contrária à harmonia divina. Ele foi apelidado de diabolus in musica, ou “diabo na música”, e banido pela Igreja Católica.
Compositores que insistissem em usá-lo corriam o risco de sofrer represálias severas, incluindo a possibilidade de serem julgados como hereges.
O trítono na música moderna
Após ser redescoberto no período barroco, o trítono começou a ser explorado com mais liberdade em gêneros como blues, jazz e heavy metal. No jazz, ele é frequentemente usado para criar tensão harmônica em acordes dominantes. No heavy metal, sua característica sombria e instigante se tornou um marco.
Um exemplo notável é a banda Black Sabbath, cuja sonoridade distintiva incorpora o trítono, especialmente em riffs icônicos como os da música “Black Sabbath”.
Curiosidade: como fazer o trítono no violão
- Com o indicador, pressione a corda seis (mais grave) na primeira casa (nota Fá).
- Com o dedo médio, aperte a corda cinco na segunda casa, próximo ao traste (nota Si).
- Dedilhe as duas cordas simultaneamente e experimente o som tenso do trítono.
Legado e influência cultural
O trítono transcendeu sua má reputação e hoje é uma ferramenta essencial na música ocidental. Ele aparece em diversas composições famosas, como a introdução de "Purple Haze", de Jimi Hendrix, e continua sendo um símbolo de ousadia musical.
Fontes: Superinteressante, Segredos do Mundo.