Na revista Piauí deste mês, saiu uma excelente matéria sobre Tom Jobim, escrita pelo grande músico Arthur Nestrovski. O texto oferece um panorama abrangente da obra de Jobim, tanto como artista e compositor quanto como pessoa. Ele aborda sua filosofia de vida, sua preocupação com a natureza e sua relação complexa com todos os elementos da música e com a questão da brasilidade – um conceito que, para Jobim, vai muito além da bossa nova, o gênero que o consagrou. Aqui, apresento um resumo destacando alguns pontos interessantes da matéria, mas recomendo que você leia o artigo original na revista Piauí. O link para acessar a matéria original está logo abaixo!
O que é o Cancioneiro Jobim?
O Cancioneiro Jobim é uma coleção monumental que reúne nada menos que 211 partituras para piano e voz. Publicado em 2000, seis anos após a morte do compositor, ele foi organizado por Paulo Jobim, filho de Tom, com extremo rigor e cuidado. Essas partituras preservam a essência das composições de Tom, corrigindo distorções que muitas músicas sofreram ao longo do tempo.
Se você quiser acessar esse tesouro da música brasileira, as partituras estão disponíveis no site do Instituto Antonio Carlos Jobim. É um prato cheio para quem quer aprender e se inspirar com a genialidade de Tom.
O curto, mas poderoso reinado da bossa nova
Sabia que a maioria das músicas da bossa nova foi criada em apenas cinco anos? Entre 1958 e 1963, Tom Jobim produziu uma avalanche de clássicos como Chega de Saudade e Garota de Ipanema. Foram só cinco anos, mas o impacto foi eterno.
João Gilberto, um dos grandes parceiros de Tom, foi quem traduziu essa revolução musical para o violão. Ele trouxe um canto fluido, próximo da fala, e uma levada única, que muitas vezes era difícil de entender até para grandes nomes como Frank Sinatra! Como dizem, a bossa nova foi uma utopia brasileira de modernidade: infinita enquanto durou.
A genialidade no piano
“Ele dava toques que valiam por mil. A gente ouvia as notas que ele tocava e as que não queria tocar.”
Essa frase de Hermeto resume bem o estilo de Jobim ao piano: minimalista, mas incrivelmente expressivo. Ele sabia dizer tudo com uma única nota ou acorde. Desde o primeiro álbum solo, The Composer of Desafinado Plays, essa simplicidade sofisticada marcou sua identidade musical.
Além da bossa nova: novos caminhos
Quando a ditadura militar chegou em 1964, a utopia da bossa nova se desfez. Foi nesse momento que Tom começou a explorar novos horizontes, buscando outras vozes e parceiros, como o jovem Chico Buarque. Juntos, eles compuseram músicas inesquecíveis como Sabiá, que, mesmo vaiada em um festival, mostrou que Jobim estava muito à frente do seu tempo.
A inspiração na natureza
Tom Jobim tinha uma ligação profunda com a natureza. Ele mesmo disse: “Toda a minha obra é inspirada na Mata Atlântica”. Suas canções captam a essência das paisagens brasileiras, como em Chovendo na Roseira, Passarim e Boto. Para ele, a música era uma forma de traduzir o Brasil em toda sua riqueza e complexidade.
Essa conexão com a natureza veio de seu mestre Villa-Lobos, que praticamente inventou a ideia de “paisagem sonora” no Brasil. Jobim escreveu sobre Villa-Lobos: “Ali estava tudo! A minha amada floresta, os pássaros, os índios, os rios, os ventos, em suma, o Brasil.”
O resumo de uma vida em “Antonio Brasileiro”
O último álbum de Tom Jobim, Antonio Brasileiro, é uma celebração de sua trajetória. Ele reúne clássicos da bossa nova, sambas, choros, música nordestina e até uma recriação de O Trenzinho do Caipira, de Villa-Lobos. Como disse Caetano Veloso na época: “É o sol da nossa música na potência total de sua luminosidade.”
Esse álbum é uma despedida e um resumo da genialidade de Jobim, trazendo parcerias com nomes como Chico Buarque, Sting e Dorival Caymmi, além de homenagens a Radamés Gnattali e Manuel Bandeira. Um verdadeiro presente para a música brasileira.
Tom Jobim é para sempre
O legado de Tom Jobim vai muito além de *Garota de Ipanema*. Ele é o mestre que soube combinar simplicidade e sofisticação, transformando a música brasileira em algo universal. Seja você músico ou apenas um ouvinte curioso, mergulhar na obra de Jobim é uma experiência enriquecedora, que desperta a sensibilidade e o amor pela música.
Se você ainda não conhece a fundo o trabalho de Tom Jobim, o Cancioneiro e álbuns como Antonio Brasileiro são excelentes pontos de partida. Viva Tom Jobim e sua música, uma alegria para sempre.
O artigo cita a relação, influências de Tom Jobim com
Paulo Jobim, Hermeto Pascoal, Vinicius de Moraes, Newton Mendonça, Chico Buarque, Geraldo Vandré, Ana Jobim, Heitor Villa-Lobos, Radamés Gnattali, Caetano Veloso, Sting, Dorival Caymmi, Manuel Bandeira, Frank Sinatra, Lô Borges, Ronaldo Bastos, Alberto Nepomuceno, Pelé.
O artigo cita a história e/ou análise de músicas como
Chega de Saudade, Garota de Ipanema, Desafinado, Samba de Uma Nota Só, Eu Sei que Vou te Amar, Sabiá, Retrato em Branco e Preto, Pois É, Águas de Março, Chovendo na Roseira, Passarim, Boto, Dindi, Corcovado, O Trenzinho do Caipira, O Trem Azul, Gabriela, Matita Perê, A Correnteza, Samba do Avião, Triste, Wave, Ligia, Luiza, Borzeguim, O Samba Mais Bonito do Mundo.
Fonte: Artigo original em “A longa arte de Antonio Carlos Jobim”, por Arthur Nestrovski, publicado na revista Piauí.